"Agir, eis a inteligência verdadeira. Serei o que quiser. Mas tenho que querer o que for. O êxito está em ter êxito, e não em ter condições de êxito. Condições de palácio tem qualquer terra larga, mas onde estará o palácio se não o fizerem ali?"
(Fernando Pessoa)


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Porto Alegre, RS, Brazil
Técnico em edificações formado pelo Centro de Referência em Educação Profissional Parobé em 2012/1. Desenhista técnico na empresa Prisma Topografia. Estudante de Graduação em Artes Visuais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)

sábado, 19 de fevereiro de 2011

"Timoneiro"

O primeiro do ano...
Relembro o que passou...
E vou seguindo em frente...

Timoneiro 
(Paulinho da Viola e Hermínio Bello de Carvalho)

Não sou eu quem me navega
Quem me navega é o mar
Não sou eu quem me navega
Quem me navega é o mar
É ele quem me navega
Como nem fosse levar
É ele quem me navega
Como nem fosse levar

E quanto mais remo mais rezo
Pra nunca mais se acabar
Essa viagem que faz
O mar em torno do mar
Meu velho um dia falou
Com seu jeito de avisar:
- Olha, o mar não tem cabelos
Que a gente possa agarrar

Não sou eu quem me navega
Quem me navega é o mar
Não sou eu quem me navega
Quem me navega é o mar
É ele quem me navega
Como nem fosse levar
É ele quem me navega
Como nem fosse levar

Timoneiro nunca fui
Que eu não sou de velejar
O leme da minha vida
Deus é quem faz governar
E quando alguém me pergunta
Como se faz pra nadar
Explico que eu não navego
Quem me navega é o mar

Não sou eu quem me navega
Quem me navega é o mar
Não sou eu quem me navega
Quem me navega é o mar
É ele quem me navega
Como nem fosse levar
É ele quem me navega
Como nem fosse levar

A rede do meu destino
Parece a de um pescador
Quando retorna vazia
Vem carregada de dor
Vivo num redemoinho
Deus bem sabe o que ele faz
A onda que me carrega
Ela mesma é quem me traz

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

O dia do ócio

   Ele organizou tudo à sua frente, faltava-lhe um apoio à sua prancheta, a fim de lhe parecer um cavalete. E começou molhando as áreas já coloridas e úmidas do papel. Pensou, pensou, não encontrou nada nas gavetas da sua cabeça que lhe servisse de adorno à sua obra inacabada.
   Remoeu a ideia de ter perdido aquilo que lhe era essencial.
   Ohou para o tempo, chuvoso, mas este só lhe trazia àgua mesmo, diferente daquela que havia no parco frasco, no qual lambuzava-se-lhe de tintas.
   Era uma água sem pressa e sem cobrança, caia sem medo de se machucar, mas seu receio era de extraviar as gavetas daquele lugar e não encontrar o que desejava.
   Tentou, mais uma vez, pôr um rabisco e outro ali, mas a mão não lhe obedecia da mesma forma que outrora, assim como dantes, mesmo que custasse a aceitar suas ideias.
   Ficou diante da folha machucada pelos traços sem destino. Observava-a de forma impaciante cobrando de si o que estava acontecendo.
   A saudade, só poderia ter sido essa a causa que o fez perder aquilo, mas saudade de quê? Talvez fora daquela barca em que se permitia bagunçar, empilhar colorantes, suas espadas de cera e tudo o mais do gênero, porém, aquela barca não lhe era em definitivo, era a barca do café, almoço e janta, logo, estivera restrito o seu labor.
   Mas de qualquer forma, o fato é intrigante, não sei o que se passou naquele lugar em que só ele se encontrava, já que as gavetas estavam no chão e não se podia caminhar. Não entrei, deixei-o só, com seus lamentos, quieto. Reflexivo, arrumou seus objetos e os tirou dali. Estava na hora do café, a barca não lhe pertencia mais.