"Agir, eis a inteligência verdadeira. Serei o que quiser. Mas tenho que querer o que for. O êxito está em ter êxito, e não em ter condições de êxito. Condições de palácio tem qualquer terra larga, mas onde estará o palácio se não o fizerem ali?"
(Fernando Pessoa)


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Porto Alegre, RS, Brazil
Técnico em edificações formado pelo Centro de Referência em Educação Profissional Parobé em 2012/1. Desenhista técnico na empresa Prisma Topografia. Estudante de Graduação em Artes Visuais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)

sexta-feira, 22 de abril de 2011

A cruz de Pedro 01

Ele estava aos pés daquele que possui a chave. Depois de uma longa viagem, àquele velho, sofrido pelo tempo, marcado pela história, foi concedido uma cruz, cujo tamanho superava-o em todos os aspectos, pelos menos três vezes maior e mais pesado do que seu próprio corpo.

Partiu, reclamando sobre coisas que já não lhe pertenciam.

Trilhava por aquelas viejas, amassadas pelos pés cansados e arrastados. Aos tropeços seguia, ainda reclamando.

Avistou ao longe um homem corpulento, esbanjando saúde e vigor, notou que sua cruz era menor que a palma de sua mão.

Tomado de súbita raiva, voltou.

Esbravejou sobre Ele toda sua raiva, inveja daquilo que vira enquanto trilhava os caminhos tortuosos para a redenção.

Pediu-Lhe, não, não serei ameno com as palavras, aquele velho Lhe ordenou que trocasse sua cruz.

Ele, na sua complacência perguntou-lhe se teria certeza do que estava pedindo para carregar naquele caminho cujo fim era incerto e inseguro, talvez. E o velho com sua arrogância e senso de imortalidade disse-lhe estar certo do que pedira.

Trilhando pelo mesmo caminho, já não notara as pedras no mesmo caminho nem a tortuosidade da caminhada, não importava mesmo, ele conseguira carregar a cruz enchendo seu próprio peito de orgulho.

Tristes almas pediam-lhe afago, suplicando atenção, mas, embebido no seu egoísmo fútil de pseudo-imortalidade, ignorava-as afirmando não haver tempo para assuntos inúteis, assim mesmo, como dizia "assuntos inúteis", pois sentimentos não davam lucros...

Trilhava mais uma vez, e nem desconfiava de que pisoteava sua alma com aqueles passos cheios de falso vigor, já que se vangloriava do "sucesso" que obteve aos pés Dele para que lhe relevasse o peso que carregava.
Não olhava o seu caminho, e sim seu horizonte. Com isso, tropeçava, mas não aprendia a olhar o chão em que pisava ao olhar o horizonte.
Quando resolveu de fato olhar o caminho em que troteava, este não possuia fim. O penhasco lhe veio...Necessitava de algo cujo tamanho superará-lo-ia em todos os aspectos, pelo menos três vezes maior e mais pesado do que seu próprio corpo.

Penou, perambulando para que Ele lhe rendesse a um novo pedido... sim, agora seria um pedido...

(mais um no ócio da aula de perspectiva)